A nossa presença no mundo digital faz-se representar por um avatar. Quando falamos em avatar a ficção cientifica que nos chega de Hollywood coloca na nossa imaginação representações robóticas antropomórficas que assumem a nossa presença num local fisico seja em Pandora (Avatar, 2009 – James Cameron) seja pelas ruas de Nova Iorque no ano de 2054 (Os substitutos, 2009 – Jonathan Mostow). Mas a realidade a que assistimos não caminha para aí, mas sim para a nossa integração num mundo digital cada vez mais imersivo. Desde o simples acesso num ecrã (quando enviamos um email ou estamos numa rede social) ou a uma experiência mais imersiva com óculos num metaverso, o nosso avatar é a nossa identidade nesse mundo digital para o qual espreitamos desde o nosso mundo analógico.

A duplicidade de presença no mundo físico e no mundo digital é tanto mais verdade quanto mais nova é a geração. É fácil compreender que a interação com um avatar no metaverso ou até numa rede social não seja algo de estranho, como não o é o sentido de comunidade numa sala do discord, ou num grupo do Facebook nem tão pouco num jogo em equipa. É neste contexto de mescla do nosso mundo analógico com o digital que surgem os influencers virtuais e são aceites sem qualquer estranheza

O que são influencers virtuais?

Influencers virtuais (ou criadores de conteúdo digital, termo que prefiro) são personagens gerados por computador com aparência e personalidades cuidadosamente construídas e roteirizadas por equipas profissionais de design e marketing. A sua presença é cada vez mais apelativa tanto para as marcas como para os consumidores. Os artistas digitais criam suas feições, planos de fundo e texturas com detalhes cuidadosamente estudados. Outras equipas criativas e de estratégia selecionam histórias relacionáveis que capitalizam os eventos atuais, as últimas tendências e o vernáculo contemporâneo. Cada detalhe da aparência, da personalidade e do storytelling do influencer virtual é cuidadosamente fabricado de forma a optimizar o sucesso da sua comunicação. Tudo isto sem as regras e os limites que a física e o espaço tempo condicionam qualquer humano.

Prós & Contras

A grande vantagem de ter absoluto controlo da mensagem, da história e da vida do influencer virtual liberta as empresas de stress com ações e opiniões mais dúbias que os seus embaixadores de carne e osso possam ter e que coloquem em causa a imagem da marca. No entanto esta vantagem pode também se afigurar como uma desvantagem pois poderá levar a que o influencer virtual seja conotado como falso. A própria natureza fabricada do personagem pode transmitir este descrédito. No entanto se a mensagem e a história for bem trabalhada e não saturada de informação comercial o primeiro perigo é contornado, quanto à natureza sintética nas novas gerações expostas a avatares e a “saltitar” repetidamente entre o mundo analógico e virtual essa questão nem se coloca. Já os custos elevados podem ser um entrave mas assistimos a associações de várias marcas que se completam numa lógica horizontal de não concorrência em torno do mesmo influencer virtual.

Eficácia

Apesar de ainda ser dificil dizer qual o retorno real para as marcas da sua associação a estes criadores virtuais de conteúdo digital há alguns fatores que podem ser facilmente mesuráveis como o numero de seguidores e a taxa de engajamento. Com números ainda longe das grandes celebridades que habitam o mundo analógico há já um conjunto considerável de influencers virtuais a superar os milhões de seguidores. Já a taxa de engajamento de acordo com o relatório do HypeAuditor: “Os influencers virtuais têm quase três vezes mais engajamento do que os influencers reais. Isso significa que os seguidores estão mais engajados com o conteúdo dos influencerss virtuais.”

Até agora, parece uma situação vantajosa para os clientes e o público.

Alguns exemplos de sucesso